quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Arroz de Pato no Forno

............... Quem esteja mais ou menos atento aos excelsos gastrónomos lusos que, sem vergonha nem competência nos vão atirando para os olhos uma areia feita, basicamente, do seu autoconvencimento como árbitros de alheios gostos e elegâncias, já percebeu que, de há uns tempos atrás o bom e saboroso arroz de pato familiar, tantas vezes feito com um patito, dentro do arroz, a chegar para os seis lá de casa, passou a ser tratado como coisinha estafada e corriqueira, comida de tasca ou de casório de baixo nível, enfim, passaram a dizer-nos, basicamente, os foleiros que nós éramos por gostarmos do que gostamos e não do que eles, senhores gourmets de educadíssimo palato acham, lá do alto do seu requinte, que nós deveríamos gostar.
Por aqui, em que o lema é estar aberto a tudo o que é sugestão, novidade e tudo experimentar e avaliar, mas pelo meu palato, essas são as vozes que definitivamente não fazem falta nenhuma, o gastronomicamente correto, que é outra forma de politicamente correto que a muitos encanta e enrola, aqui não faz farinha e no meu gosto, mando eu, ou vice versa.
Para esta 14ª Trilogia com a Ana e o Cupido em que o tema foi o saboroso palmípede, este é o arroz de pato da minha preferência, democraticamente desfiado, temperado e enfiado dentro de arroz cozido no seu caldo e gordura, com o chouricinho. Assim:
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Ingredientes:
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Pato
Cebola
Alhos
Pimentão doce em pó
Noz moscada raspada na altura
Salsa e Louro
Sal e Pimenta
Chouriço caseiro
Arroz Carolino
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Preparação:
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Coza demoradamente o pato em água e sal
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até os ossos se separarem da carne. Retire parte da gordura que fica a sobrenadar para um tacho e refogue nela cebola em rodelas grossas, dentes de alho, noz moscada e louro até a cebola começar a alourar. Junte por fim o pimentão em pó e chouriço partido em pedaços pequenos.
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Adicione a carne do pato sem peles, tempere de sal e pimenta,.

junte a salsa picada, dê uma volta e reserve.

Coza arroz carolino no caldo em que cozeu o pato, usando a bitola de dois volumes de arroz para três de caldo (se estiver a fazer uma quantidade grande, reduza ainda mais o caldo, quase para 1:1).
Quando o caldo quase desapareceu e o arroz ainda está com "coração", disponha três quartos num tabuleiro de forno ou assadeira, espalhe por cima o pato, .

cubra com o resto do arroz e decore com rodelas de chouriço.
Vai a forno quente por cerca de 20 minutos ou até alourar a superfície do arroz.
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Fica excelente acompanhado, à parte, pela frescura de uma salada de alface temperada com azeite e vinagre.


8 comentários:

anna disse...

Para comemorar esta saborosa trilogia, o meu almoço acabou de ser um arroz de pato bem parecido com este teu...
Costumo chamar-lhe arroz de pato escondido.
Que belos pratos de patos nos saíram aos 3, lol!!!!!
Beijinhos.

cupido disse...

A educação do gosto, desde que legítima, humilde e informadamente levada a cabo, é mais do que desejável, neste mundo a imitar no mais mau sentido a aldeia do Sr. McLuhan, connosco a levar com peixe do Uganda e do Vietname, carne holandesa abatida na Alemanha, fruta e legumes de Israel e do Perú bem como toda a tralha de produtos manhosos e hiper processados que encontramos nos supermercados. É normal que muitas pessoas confundam este trashworldfood com a sétima maravilha do mundo e se tenham esquecido do sabor de uma maçã acabada de apanhar ou de uma sardinha acabada de sair das brasas e que se acompanha com uma bela fatia de broa. Sabores assim, genuinos, sem corantes nem conservantes por oposição às aparentes virtudes das coisas do supermercado. E pensar um pouco, também não faz mal a ninguém.

E o teu arroz de pato, assim simples, é daqueles pratos para ninguém botar defeito.

Luís Pontes disse...

Cupido,
A mim, parece-me que nesta área dos gostos sensoriais, a única coisa que podes educar é a atitude: podes, por informação e educação deixar de comer fastfood, mas se gostas do sabor de um Mac com Coca-cola, vais gostar sempre e não é coisa que se possa educar, é gosto. Eu também não como torresmos quentinhos a escorrer banha, mas lá que gosto, gosto, e muito!
Depois há a questão, para mim sempre incomodativa dos poderes vagos e sem fundação definida: quem dita normas, modas e gostos e porquê, com que legitimidade e ética? ...e se é um poder, quem o controla?
Acho que voltarei em breve ao tema, que é fascinante.

Flor de Sal disse...

OLá Luís!
Adoro arroz de pato. Não o considero ium prato simples, pois confesso que tenho algumas dificuldades em o confeccionar.

Realmente quem dita normas,modas e com que autoridade??? Eu defendo a liberdade de gostos, opiniões e, porque não, paladares! Adoro um bom vinhpo tinto mas, também adoro um copo de cola geladinho, numa tarde de verão! Será crime? Não creio.

Isabel I disse...

Cada cozinheiro, cada arroz de pato. O meu é cozido com um painho de Portalegre, um chouriço, um bocadinho de toucinho do cor de rosa com febrinha no meio, um pouco de sal e um bom ramo de mangerona. Depois é só desossá-lo, coar o caldo, cozer lá o arroz e pôr num pirex camada de arroz- carne e chouriço - arroz, paio e toucinho. E a tal saladinha de alface que eu corto em juliana fininha com rodelinhas de cebola, hortelã e coentros picadinhos. Juro que fica uma delícia, toda a gente adora. E aproveito para agradecer à minha querida amiga Cruz que há muitos anos me deu a receita. Ela faz o melhor cozido do mundo e arredores.

Paula disse...

Por coincidência arroz de pato foi também hoje o meu almoço! Adoro. Faço de forma muito parecida com a sua. E pelos vistos há mais quem goste, não está assim tão ultrapassado ;)

Romy Almeida disse...

Aqui em casa adoramos o arroz de pato cozinhado assim. Só que no meu caso tenho de tentar esconder sempre as cebolas e afins :-)
É pena mas como somos 4 pessoas a maioria é quem ganha lol

um abraço

Flávio Silva disse...

Na próxima vez que fizer arroz de pato, faça a sueguinte experiência:
- coza uma orelha de porco junto com o pato
- corte a orelha em pedaços pequeninos (cerca de 2cmX2cm)
- junte os pedaços de orelha ao pato desfiado

O sabor da orelha dá um paladar óptimo ao caldo de fazer o arroz (claro que gostos não se discutem, mas penso que vai gostar).

Um abraço e continue com este seu espectacular blogue.